terça-feira, 27 de agosto de 2013

Há 14 anos, partia Dom Helder Câmara


Aos 27 de agosto de 1999, após completar 90 anos, vividos e bem vividos, Dom Helder foi chamado ao seio do pai.  Marcado por uma graça incomensurável, por onde passou, mesmo quando teve que ir para o ostracismo, ficando no isolamento e excluído dos meios de comunicação social, durante o regime militar, que via nele um risco e um perigo à democracia, permaneceu forte e corajoso, sem nunca se abalar, deixando marcas indeléveis.

Sua força imaginadora, sua criatividade e, sobretudo, sua capacidade de produzir e de realizar, foram extraordinárias, surgindo uma nova Igreja, uma Igreja marcada profundamente pela esperança, com ele afirmava: "Esperança é crer na aventura do amor, jogar nos homens, pular no escuro, confiando em Deus". Ele se antecipou, em ideias e vestes, ao aggiornamente que o Papa João XXIII promoveu e com o qual iria revolucionar, não apenas a Igreja, mas o nosso mundo hodierno.

Dom Helder foi um articulador, na melhor expressão da palavra, um conspirador, pensando no bem, com suas iniciativas, compartilhadas por muita gente da Igreja, desejando fazer com que a Igreja-Instituição se comprometesse e se engajasse na causa dos empobrecidos, identificando-se com seu Fundador e Mestre, Nosso senhor Jesus Cristo. Pensava e deseja ele uma Igreja pobre e mais servidora.

Daí o "Pacto das Catacumbas", de 16 de novembro de 1965, que foi uma excelente oportunidade para os bispos, pensarem e refletirem sobre eles mesmos, no sentido de fazer uma experiência devida na simplicidade e na pobreza, numa Igreja encarnada na realidade, comprometida com o povo, renunciando as aparências de riqueza, dizendo não as vaidades, consciente da justiça e da caridade, através desse documento desafiador.

Logo que chegou ao Rio de Janeiro, numa hora santa do clero, onde o cardeal Sebastião Leme criara os turnos de Adoração ao Santíssimo Sacramento, o jovem padre Helder subiu ao púlpito para o seu primeiro sermão junto aos colegas de sua nova Diocese. A figura magra, pálida, de olhos fechados, mãos trêmulas e exaltadas, pronunciou uma oração que até bem pouco era recordada pelos os padres daquela Arquidiocese do Rio.

Foi quase um escândalo: Dom Helder cobrou dos sacerdotes aquele fervor e aquele entusiasmo que no dia-a-dia ia pouco a pouco se esfriando. Parecia em transe, alçada sobre a cabeça de todos os padres da cidade do Rio de Janeiro, enumerando as tibiezas de todos e de cada um, no desamor ao trabalho pastoral, bem como a falta de garra no apostolado...

Ao assumir a Arquidiocese de Olinda e Recife, na sua mensagem, na tomada de posse, disse com firmeza: "Quem estiver sofrendo, no corpo ou na alma; quem, pobre ou rico, estiver desesperado, terá lugar especial no coração do bispo". A pregação do Evangelho foi para ele, ao mesmo tempo, candente e misericordiosa, apaixonada sensata.
Aprendamos do pastor dos empobrecidos, do cidadão planetário, referencial e nosso grande e maior patrimônio, falecido há 14 anos na cidade de Recife, PE, entre incontáveis pensamentos, neste: “Quem me dera ser leal, discreto e silencioso como a minha sombra”.


Por Padre Geovane Saraiva*

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

No Angelus, Papa reflete sobre a salvação

No Angelus deste domingo, 25, o Papa Francisco refletiu sobre a salvação, tema proposto pelo Evangelho do dia. O Santo Padre enfatizou que não se deve ter medo de atravessar a porta da fé em Jesus, pois Ele ilumina a vida do homem com uma luz que não se apaga nunca.
Referindo-se à figura da “porta estreita”, aquela que leva à salvação, Francisco explicou que ela aparece várias vezes no Evangelho e remete à casa, ao lar, onde se encontra segurança e amor. E esta porta de salvação é o próprio Cristo.
“Ele é a porta. Ele é a passagem para a salvação. Ele nos conduz ao Pai. E a porta que é Jesus não está nunca fechada, esta porta não está nunca fechada, está aberta sempre e a todos, sem distinção, sem exclusão, sem privilégios”, disse.
O Santo Padre falou ainda das várias portas existentes hoje que prometem uma felicidade, mas trata-se de algo passageiro. Ao contrário, a porta da fé em Jesus é o caminho a seguir sem medo. Ele explicou que esta porta de Jesus é estreita, pois requer a abertura do coração a Cristo.
“Ser cristão é viver e testemunhar a fé na oração, nas obras de caridade, no promover a justiça, no fazer o bem. Pela porta estreita que é Cristo deve passar toda a nossa vida”.
Fonte: Canção Nova

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Arquidiocese lança campanha em prol das vítimas do incêndio na comunidade do Campinho


Depois da dor e da tristeza da perda, sobre as cinzas de vidas inteiras consumidas pelo fogo, é hora de recomeçar. A partir desta terça-feira (6), a Arquidiocese de Olinda e Recife lança uma campanha de arrecadação de donativos para as 101 famílias da comunidade do Campinho, no bairro dos Coelhos, área central da Capital. A iniciativa é um dos frutos da visita do arcebispo, dom Fernando Saburido, à localidade. O religioso foi a primeira autoridade do Estado a pisar na comunidade depois do trágico episódio do incêndio que destruiu uma área de 500 metros quadrados, na última segunda-feira (5).

A sede da Cúria Metropolitana , no bairro das Graças, a Igreja Matriz da Boa Vista e a unidade do Pró-Criança dos Coelhos serão os pontos de recolhimento dos donativos. Devem ser doados às famílias alimentos, especialmente leite, roupas, colchões, materiais de limpeza e de higiene pessoal. “Não podemos ficar parados esperando só atitudes do poder público. Muita gente pediu para que rezássemos vamos fazê-lo, porém vamos agir também com uma série de ações concretas de solidariedade, a campanha de arrecadação de donativos é uma delas”, declarou dom Saburido.

Antes de chegar ao local exato onde o fogo destruiu as palafitas e até casas de alvenaria, o arcebispo teve um encontro com as famílias que ocuparam a Escola Municipal dos Coelhos. Desesperados e, até o momento, sem resposta da Prefeitura do Recife, homens, mulheres e crianças se amontoam em pequenas salas de aula. No pátio do colégio a circulação é grande, as pessoas caminham de um lado para o outro ainda incrédulas que terão que recomeçar a vida do zero. “Estou sem casa, sem móveis e sem documentos”, é a frase mais ouvida no local onde já começaram a chegar alimentos.

A comerciante Lucinalva Carmelo não escondia a tristeza e a revolta. “Não vamos sair daqui até a prefeitura nos dar uma casa. Não era para nós vivermos ainda em barracos chega tanto dinheiro para o Estado e para onde vai? Estádio de futebol como a Arena Pernambuco que gastaram bilhões. E nós? Nossas crianças precisam de um lugar decente para viver”, reclamou.

Assim como ela, as demais vítimas do incêndio não querem entrar no auxílio-moradia oferecido pela prefeitura. “Onde vamos alugar uma casa por R$ 150? Além disso, o pagamento não é feito direito, eu fui vítima de um incêndio em 2008 passei cinco meses sem receber o dinheiro, tive que ser despejada”, relembrou Lucinalva.

Dom Fernando pretende interceder pelas famílias. “Terei uma audiência com o prefeito Geraldo Júlio e vamos conversar sobre este auxílio. É inadmissível pensar que uma família pode viver com R$ 150″, afirmou.

O arcebispo também espera uma resposta sobre as obras de dois conjuntos habitacionais no bairro de São José, que segundo os moradores dos Coelhos, faz quatro anos que a construção se arrasta. “Vemos uma séria falta de respeito a dignidade dos filhos de Deus quando se tem investimentos altíssimos em outras coisas e não se tem para os pobres”, disse o religioso.

Pontos de arrecadação

Cúria Metropolitana da Arquidiocese de Olinda e Recife
End.: Avenida Rui Barbosa, 409 – Graças
Fone: 3271.4270

Paróquia Santíssimo Sacramento (Matriz da Boa Vista)
End.: Praça Maciel Pinheiro, s/n – Boa Vista
Tel.: 3222-3823

Movimento Pró-Criança – Unidade Coelhos
End.: Rua dos Coelhos, 317 – Boa Vista
Fone: 3421-4557


Da Assessoria de Comunicação AOR